domingo, 26 de abril de 2015

Sobre escolhas


Quanto tempo um coração continua amando alguém sem ganhar nenhum estimulo, ou que seja uma pontada de esperança? Quanto tempo um coração continua perseverante quando todas as setas apontam para o final?
Nós, estúpidos humanos, temos uma coisa chamada esperança, que sempre vem acompanhada com a perseverança. Quando as duas estão juntas, ninguém - e quando eu digo ninguém, é ninguém mesmo, - nem a realidade, pode fazê-las desistir.
Uma luta liderada por essa dupla pode ter dois destinos: total sucesso, no qual o objetivo é alcançado, ou um tombo dilacerante, quando próximo do final, descobre-se que o objetivo final não estava lá, que toda aquela luta foi em vão.
Mas nós, incríveis humanos conseguimos nos reconstruir, mesmo que de pedaços, para novas batalhas. A minha pergunta é: qual o limite do nosso coração? Chega uma hora em que ele para de funcionar, assim como um brinquedo velho ou ele ressurge das cinzas novinho em folha? Até onde o nosso coração vai? Até onde, além do coração, a nossa mente pode aguentar?
Aprendi quem em papo de coração não existem extremos. Aquela questão da dualidade: uma coisa é uma coisa, e a outra coisa também é a outra coisa. O que eu quero dizer é que o nosso coração, talvez, depois de um tempo comece a funcionar de novo, talvez, lá no fundo ele tenha achado mais alguma energia daquela bateria velha. Ou ele simplesmente para, larga aquela duplinha pra fora e só decide fazer o que ele, cientificamente, tem que fazer: bombear o sangue para o corpo inteiro. Ou ele ainda consiga funcionar, em trupicos, depois de tantas quedas, porém continua firme.
Não existe resposta certa, você pode ter lido todos os livros, ter visto de tudo, mas você nunca tem uma resposta direita. Me pergunto qual deveria ser o próximo passo, se deveria largar o remo ou continuar remando. Ou simplesmente sair do barco. Várias respostas aparecem, várias pessoas tiveram várias experiências, mas nós sabemos que nada do que disserem torna a decisão mais fácil ou o medo de errar sumir.
Sabe, talvez seja por isso que nós vivamos sentindo saudades da infância, onde não tínhamos que fazer tais decisões e ter a responsabilidade de continuar remando. Ou quando eramos crianças, não viamos a hora de sermos adultos para experimentar a sensação de remar. Nós nunca estamos satisfeitos, nós devaneamos tanto em nossas outras opções, em nossas outras hipotéticas vidas, que acabamos não vivendo, não crescendo. Perdemos, sempre, a oportunidade de seguir em frente, preocupados com o futuro, e com passado que já se foi. Algumas vezes, por causa dessas preocupações, deixamos que alguém tome decisões por nós.
Acredito, humildemente, que temos que assumir os riscos. Chega uma hora em que, mesmo que a situação pareça perdida, devemos perseverar. Mesmo quando nada aponta para uma solução, temos que ter esperança. E, o mais difícil, quando vimos que uma situação não tem mais sentido, anda em círculos, temos que ter a coragem de pegar a tesoura e cortar o fio de ligação. Sacrificar. Temos que ter a coragem de admitir para nós mesmos que acabou e não podemos fazer mais nada. 
E nós, talvez um dia, saberemos se foi a coisa certa a melhor coisa a se fazer. As outras possibilidades somem quando você toma uma decisão e aquela opção passa a ser sua realidade. Fazer escolhas não é fácil, acertar é incrível, errar é doloroso. Mas só assim descobrimos quem somos.

quarta-feira, 15 de abril de 2015

Algumas observações





























Todos temos um ponto da vida que achamos que não temos nada. Pensamos que tudo que nos rodeia é tudo o que temos e o que nos define.
Observando minha vida hoje, penso que se eu desaparecesse, muitas coisas continuariam iguais. O sol continuaria nascendo e New York continuaria sendo incrível. Se eu não existisse talvez aquele meu professor nunca teria imaginado que alguém conseguiria ser tão ruim na sua matéria como eu. Se eu não estivesse por aqui, meus amigos talvez nunca teriam imaginado como alguém poder ser tão confusa, estranha, inconstante e sonhadora como eu.
Eu não sou incrível, não mereço nenhuma série escrita sobre mim ou uma página no wikipédia. Meus defeitos sobressaem minhas qualidades e minha imaginação muitas vezes passa dos limites. As vezes penso que nunca terei um trabalho em que eu me sinta totalmente satisfeita e que onde eu estou hoje não é onde eu deveria estar.
Tenho essa vontade imensa de largar tudo e deixar meus confortos and get out there. Quando penso no futuro, não tenho mais certeza do que quero ver. Já me imaginei professora de inglês na universidade; uma escritora muito bem sucedida com um livro virando filme; uma atriz e cantora muito famosa; vivendo o sonho de "take New York"; ou sendo mãe de três e morando numa casa grande com um cachorro. 
Já imaginei várias Déboras, mas não faço a minima ideia de qual me tornarei ou qual é a certa. Sempre tenho perguntas circulando pelas minhas poucas certezas, mas não deixo que elas me parem mais. Sei que amo cheiro de chuva e de ver o dia nascer, de andar de bicicleta e do som do ukulele. Sei que não quero ficar presa nessa cidade minha vida toda e que meu lugar é onde Deus estiver comigo, e ele está em todo lugar. Então, o mundo inteiro é uma opção. Mas, a felicidade é algo que todos buscamos, acredito que ela nos faz ser esse poço de sentimentos ambulantes, cheios de dúvidas e curiosidades. A busca incansável por nós mesmos nos torna quem somos. Hm.