quarta-feira, 19 de março de 2014

Aquela hora



















Eu não sei definir exatamente o que eu estou vivendo. Tudo está sem importância e as minhas preocupações estão bem definidas: Deus, faculdade e ficar calma. 
O ano já começou com grandes desafios e eu me pergunto se conseguirei atingir todos eles. Olhando daqui parece meio impossível, mas, de alguma forma, eu tenho esperança que tudo vai dar certo.  Afinal, eu não tenho outra escolha.
Antes eu achava que fazer faculdade na minha cidade não me faria "crescer" tanto quanto se eu estivesse em outra cidade, mas estou aprendendo que somos nós que fazemos nossas oportunidades e que, se eu já estou sofrendo com essa "mordomia" de morar aqui, imagina se eu estivesse fora, sem meus amigos por perto e a minha cama.
Estou aprendendo como o feijão da minha mãe é essencial e aprender a deixar as coisas no passado. Estou tentando deixar a vida mais simples. Me afastando de pessoas que não me fazem bem e fazendo as coisas que eu acho certo. Isso pode parecer meio egoísta da minha parte, mas eu estou precisando disso; me fechar pra conseguir me reconstruir e refletir sobre muita coisa.
Uma das coisas que eu mais gosto e odeio fazer é pensar sobre o meu futuro e o que eu quero fazer. É desesperador olhar em volta e ver todo mundo seguindo um rumo e você lá perdido no meio da estrada. Li em algum lugar que 17 anos é muito cedo para decidir o que irá fazer pro resto da vida. 
Estive pensando sobre e isso e cheguei a conclusão de que se tivesse tirado meu tempo para pensar, talvez nunca fizesse nada, por sempre sentir que "ainda sou nova" e "não estou preparada". A verdade é que nós nunca estamos totalmente preparados. Chega uma hora em que você tem que mergulhar de cabeça mesmo, sem saber de tudo e arriscar. Acredito que ninguém tenha vivido uma vida cheia de certezas ou sabia sempre o que estava fazendo. Talvez dê errado; talvez você acabe num mar sem fim de incertezas, mas isso a gente já tem: o não. Nós temos que mergulhar com a certeza que vamos achar alguma coisa. 
Ó, chega uma hora que a gente se perde mesmo, mas acho que essa busca  nos torna quem somos e nos prepara para desafios maiores, afinal, ninguém quer ficar a vida toda no mesmo lugar...ou quer, sei lá, você que sabe. 
Só sei que ando meio perdida, mas não desisti de me encontrar. Talvez seja uma daquelas horas que a gente dá um perdido na vida e para de se definir por um tempo, só vive, só sente, só descobre. Vou sair e me procurar, talvez eu esteja em alguma rua por aí, tchau. 



quarta-feira, 12 de março de 2014

Manoel e suas palavras

E aquele 
Que não morou nunca em seus próprios abismos 
Nem andou em promiscuidade com os seus fantasmas 
Não foi marcado. Não será exposto 
Às fraquezas, ao desalento, ao amor, ao poema. 

Manoel de Barros (no dia do seu aniversário - 19/12)

terça-feira, 11 de março de 2014

Se importar







































Eu e essa mania de viver se magoando com a rispidez alheia. Como não me acostumei com isso ainda? Acho que nunca irei, sempre tiro uma esperançazinha do bolso e assisto a pessoa atirar ela pela janela. Até perdi as contas de quantas vezes isso aconteceu.
Eu estou percebendo como é difícil deixar alguém ir. Como é difícil esse sentimento de uma mão só. Acaba com a gente, deixa o coração esfolado. Sabe, o mais difícil de aceitar é como as pessoas podem ser assim. O problema é que fica um buraco na gente, que eu não sei como preencher. Percebi que falar, espernear e gritar não adianta. Eu sempre tive essa esperança de um dia fazer a pessoa ver como eu vejo, mas eu percebi que isso nem sempre acontece e que, se está incomodado, é melhor ~pegar as coisas~ e sair. 
Eu realmente esgotei todas as minhas esperanças e não sei o quê fazer. Mas o mais engraçado é que ninguém realmente se importa, estão todos seguindo a vida e eu aqui, condenada a sentir. Antes eu me sentia muito sortuda por ser tão sentimental, mas hoje percebo que talvez não seja. Quiça seja um desafio continuar cheia de sentimentos depois de ter sido esvaziada tantas vezes. 
Percebo que aquela minha vontade de tomar um banho por dentro e deixar lavar tudo o que eu não queria sumiu. Eu decidi enfrentar meus problemas de frente, sem ser covarde; e isso vem sendo a fase mais difícil de todas, até agora. É difícil sonhar com uma coisa e ver que isso é meio que impossível de acontecer, pois nem tudo depende só de você, e, talvez a outra pessoa nem esteja tão interessada também. 
É custoso olhar o problema de frente, ver que aquilo realmente está ali, existindo e não tem uma forma de você consertar. Porque talvez não é pra ser consertado, é só pra ser e machucar, sem nem se importar. Deixar tudo jorrar e não tapar o buraco. Deixar tudo ir e nem sequer ver.
Mas no final do dia, naqueles últimos minutos antes de dormir, o que importa, realmente, não é se você perdeu a pessoa, mas se você não perdeu você mesmo.

Sobre aqueles malditos finais felizes





















Eu não sei porque d'eu ainda me estressar com os finais felizes. Acho que eu nunca vou me costumar com eles. Ainda espero que a mocinha se ferre e o mocinho fique com a moça má. Porque a vida é assim, na maioria das vezes.
Quando eu era criança, acreditava que quando crescesse descobriria que na verdade era uma princesa e que era muito rica. Droga de realidade, não? Estou aqui, no meu quarto com a parede descascada imaginando porque ninguém veio me buscar, me vestir um vestido rodado e me levar pra outro país. 
Pensando melhor, se aparecessem hoje tentando me colocar num vestido rodado, eu provavelmente daria um tiro. Já passei dessa fase, e outra: não estou mais afim de castelos, príncipes e vestidos. E eu também nunca ficaria bonita num vestido rodado, eu pareceria um bolo!
So, what's all about? Acho que não quero mais saber. Cansei de desvendar os mistérios da vida. Acho que vou fazer o que deveria estar fazendo faz um tempo: vivendo de verdade, sem pensar demais.
A vida, acredito, não é apenas sobre momentos felizes, sabe. E eu tenho que ficar me relembrando disso todo-santo-dia. Eu meio que gosto do difícil, aliás, daqueles momentos que não sabemos o que fazer. Pois é bem aí que a vida força a gente tomar decisões ou fazer loucuras mesmo. 
Estou me acostumando com a ideia de que: caras bonitos não ficam com as gordinhas estranhas e que nem tudo se resolve em menos de 50 minutos. The real life sucks, sometimes, but it's all we have tho.
It's time to start living in the real world, darling. Your real life is knocking on the door, go for it. You have a good life, and it's not going to get better if you just hang in there complaining about everything. It's time to make your life. 

sexta-feira, 7 de março de 2014

Ser sentimental sozinha








































O passarinho cantava insistentemente pro sol aparecer naquele dia nublado. Sentada naquela cafeteria perto de casa do papel de parede bonito e um cappuccino do paraíso, notava como tudo estava sem compasso. Era meio estranho estar sentada ali sozinha, adorava estar rodeada dos amigos, mas aquela sensação nova de existir sozinha parecia interessante. 
A vida deu umas voltas em linhas tortas, admite, nem tudo saiu como planejou, mas a felicidade está presente todos os dias assim que acorda e abre as janelas pra dar boas vindas ao sol. 
Algumas pessoas a cobravam por ser tão quieta, mas ela concordava com Pessoa: existe no silêncio tão profunda sabedoria que às vezes ele se transforma na mais perfeita resposta...
Tem sido uma bela luta pra controlar seus sentimentos; cada tropeço uma lágrima. Cada dia uma nova dor, mas no fim do dia tudo se acalma, ela encosta a cabeça no travesseiro e pensa na nova oportunidade do amanhã. É bom assim, viver um dia de cada vez.
Reparou como é bonito a cidade quando o dia nubla..E assim, no meio de um pensamento qualquer ela viu alguém. Ele tinha um jeito de andar que chamava atenção, o cabelo acompanhava toda a poesia que era seus movimentos, fazendo tudo assumir um ritmo que ela nunca tinha visto antes. Olhou em volta e viu que tudo seguia seu rumo, parecia que só ela tinha se prendido naquela poesia, só ela entendia. De repente ela queria dançar, puxar ele pro salão e rodopiar. Vamos dançar, ela diria. Vamos criar um lugar escondido, faríamos o nosso show. 
Começou a chover e pela primeira vez em muito tempo, ela se deixou molhar. Era boa aquela sensação, ela havia esquecido como era permitir molhar e não se importar. Ela jurava que conseguiu ver o sol naquele instante. Naquele momento, bem ali.
Nesse meio tempo ele passou e ela não viu. Levou toda a música com ele sem nem olhar pra traz. Talvez um tanto confiante de seus versos brilhantes passou; a encantou de canto a canto e foi.
Ainda fazia um tempo bom pra desperdiçar sentimentos. Ainda fazia um dia bonito, mesmo sem cor. Ainda dava pra enfeitar a vida com sentimentos, ela viu. Era um dia bom.