domingo, 3 de janeiro de 2016

Sobre o tempo


20 anos. É, o tempo voou. E com com essa idade nós esperávamos que já teríamos algumas coisas resolvidas, mas na verdade tudo triplica. Sabe aquele ditado, "quanto mais se sabe, menos se sabe"? Acho que é mais ou menos isso, quanto mais crescemos, mais percebemos o quanto não sabemos de nada. 
Tudo aquilo que você achava que não iria mudar, muda. E as coisas que você achou que iam mudar - sua insegurança, por exemplo - não mudam. As vezes só aumenta. Você tem que viver desconstruindo pensamentos e abrindo espaço para novas ideias.
Talvez aquela paixão por história de vampiros e romances adolescentes não te atraem mais. Talvez os dias de verão não são mais seus favoritos e comer chocolate não seja tão gostoso como antes. Talvez seu filme favorito tenha mudado e os dias ficaram mais curtos. Talvez você tenha começado a odiar rotinas e espera ansiosamente pelo final de semana. Talvez, só talvez, não saber direito quem você é seja um pouco assustador.
Percebi que saber ou não saber, não vai mudar coisa alguma. Querendo ou não, o curso das coisas já estão ditados. Tudo o que já passei me deu um sentimento falso de que eu estava no controle, de que eu já tinha visto de tudo, mas na verdade eu não estou preparada para nada. O que seja que for acontecer, vai acontecer, não importa o quê.
Sabe, peguei manias dos meus pais, do meu irmão, dos meus amigos; e tenho manias minhas mesmo. Tenho dúvidas do tamanho do mundo e duvidas espalhadas entre as minhas certezas. Mudo isso e aquilo de lugar, mas eu nunca tenho certeza das minhas atitudes e do dia de amanhã. Posso controlar pequenas coisas, mas elas muitas vezes não ditam as grandes. And that's okay.


sábado, 2 de janeiro de 2016

Minhas metas


A gente sempre escuta que temos que fazer metas para realizar nossas vontades. Dividir tudo em tópicos e escrever metas para o ano. Dividir a vida em partes e as preencher.
Eu ando com dificuldade em apenas juntar a minha vida em um lugar só e compreende-la como um ser inteiro. 
Não sei. Não sei muito bem o que quero. Nesses ultimos tempos decidi encarar meus sonhos e me perguntar se eles eram realmente meus. Observei se outras pessoas não os tinham colocado ali e eu convivi com eles como se fossem meus. Percebi que talvez precise reformar meus sonhos, dar um toque de realidade neles, as vezes. Talvez eu fique sem sonhos por um tempo, para realmente pensar sobre eles e ver se eles me representam ;P
Mas até lá, aqui vai algumas metas para a vida:
1. Ser verdadeira com meus sentimentos e realmente os levar a sério;
2. Parar de avaliar minha vida todo tempo;
3. Fixar o pé mais no chão (sobre certos assuntos);
4. Continuar pensando sobre Deus durante o dia;
5. Começar a aprender sobre música (de verdade kra já passou da hora de aprender a tocar ukulele)

Feliz chance nova


A gente sempre pensa que tudo vai se resolver num piscar de olhos. Mas isso nunca acontece. Infelizmente e felizmente, eu imagino o caminho que terei que percorrer até chegar em algum lugar sólido. O quanto eu terei que mudar é intimidador.
Eu sempre estive na minha bolha, ignorava muita coisa e vivia como se tudo fosse perfeito. Faz um pouco menos de um ano que eu decidi viver tudo de verdade, e, oh boy, o quanto eu mudei. E mais: o quanto de mudanças eu tenho consciência que virão. Agora, eu vejo mais claramente as coisas que terei que abrir mão. Terei que abrir mão da ingenuidade, do medo de compromisso, de parecer ridícula, e provavelmente o maior deles: perder o medo de arriscar. 
Constantemente me pego pensando no tipo de pessoa que vou me tornar; consequentemente penso em atitudes que devo mudar para me tornar uma pessoa decente. Porque, um dos nossos maiores erros é não admitir que se não nos analisarmos, temos grandes chances de nos tornarmos pessoas odiáveis. 
Por isso, não consigo mais ser inconsequente, fazer tudo da forma que acho certo e achar que o meu jeito e a minha opinião são tops, barrocas, renascentistas, modernas, floquinhos de neve do mundo, por quê não são. E sim, é nessa parte que aquela famosa frase "crescer dói" te pega. É quando você faz ou diz coisas que estava acostumado e se pegar pensando depois que deveria muda-las. 
É só quando sua mente se transforma que a sua vida muda. Só então você percebe, realmente, que o mundo não te deve nada e que você não sabe de muita coisa, somente uma ou duas e você provavelmente, daqui alguns anos, vai ter desconstruído elas também. E, de certa forma, estou feliz por isso. 

terça-feira, 29 de dezembro de 2015


Leia o prólogo aqui.

PARTE I

Sabe aqueles tipos de pessoas ficam presas em certas fases da vida? Algumas naquela de só ir em festas e outras, no caso extremo, da infância? Então, eu infelizmente não consigo sair daquela fase da adolescente tímida assustada que não consegue conversar com um menino normalmente.
É claro que eu teria que passar por uma daquelas horas de "make it or break it" pra superar isso.
Eu estava com minhas colegas de trabalho no Red Light e eu estava sentada no balcão esperando que elas chegassem e:
- Eu também gosto de tequila, mas essa noite de sexta combina muito bom com um martini, não é?
Eu sorri e não consegui falar nada.
- Deixa eu te comprar um e você me diz o que você acha? - E fez um sinal pro bartender que acenou com a cabeça e começou a mexer nas garrafas.
Sorri, agradecida, pedindo aos deuses que ele tivesse paciência pra me dar o tempo pra pensar em algo pra falar.
- Então, você vem sempre por aqui? - Ele perguntou sorrindo abertamente quase que piscando com um olho, meio que se desculpando pela pergunta clichê.
Eu agradeci aos deuses. Encolhi os ombros juntando todas as minhas forças e respondi.
- Hmm, na verdade é apenas a minha segunda vez aqui, acabei de me mudar pra cá e ainda estou conhecendo tudo..
Virei meu shot.
Poxa vida, agora, se ele fosse um assassino eu seria a isca perfeita: voz baixa + não conhece a cidade + força de uma galinha. E ele estava me pagando uma bebida. Desculpa, mãe.
Tentei afastar esse pensamento se não ficaria com cara de assutada e provavelmente afastaria o rapaz.
- Hmm, nova na cidade...Eu já estou aqui faz....- Ele olhou para o teto, concentrado - 5 anos, uau, o tempo realmente voa quando você está aqui - ele riu
Sorri.
- O que fez você vir pra cá? - Perguntei.
Meu martini chegou e eu fiquei mexendo o palitinho com a azeitona.
- Bom, a versão curta dessa resposta é que eu quero trabalhar na Wall Street e pra isso precisava vir pra cá e conseguir uns estágios. E você? - Ele virou seu copo de schotch
Levantei as sobrancelhas.
- Eu só queria sair da minha cidade, começar do zero - Tomei um gole do martini. Cara, que coisa horrivel; eu estava certa de não confiar nessa bebida com azeitonas dentro!
- Hm, começar do zero. Devo ter medo? - Eu ri -  Você fez algo muito ruim e fugiu?
- haha antes de responder isso eu quero experimentar outra bebida
- Gostou do martini?
- Achei interessante
- Hm, não gostou! Poxa vida, comecei mal - ele riu
- Não, você está....
- HA, achamos você, achei que tinha te perdido já! Fiquei triste, porque realmente acho você muito divertida. - Carla se jogou nas minhas costas, me abraçando. Ela já estava alta! Derrubei metade da bebida no balcão.
O menino pediu outra bebida para o garçom.
- Não, não, eu acho que vou ter que ir embora, ela não está muito bem...- Falei, observando o estado da Carla.
- É....nós estávamos te procurando para irmos embora - Leslie se desculpava com o olhar, olhando para o rapaz.
- Opa, você não apresenta mais os amigos? - Carla já esticou a mão para ele e olhou pra mim, esperando um nome.
Abri a boca, mas sem ter o que falar.
Ele riu.
- Matt! Prazer!
Matt apertou a mão da Carla e cumprimentou Leslie com a cabeça, que ela estava apoiando Carla com um braço e segurando a clutch com a outra.
- Bom, boa noite, Matt - Ela chegou mais perto dele - Eu não queria ir embora, a noite mal começou, mas essas duas velhotas aqui não vão me deixar ficar, e a minha amiga aqui - ela segurou no meu ombro - é muito boni,,,,
- OKAY, hora de ir embora! Leslie, chame um taxi, por favor? Pode deixar que eu ajudo ela. - No way que eu ia carregar a Carla até Bushwick de metrô.
Leslie foi tentar achar um taxi. Peguei minha carteira.
- Ah, pode deixar
Fiz uma cara de sem graça e ia começar a argumentar, mas ele nem me deu a chance.
- Só quero uma coisa em troca
- Hmmmmm - Carla reagiu a situação como se estivesse vendo um programa de TV.
- O quê?
- Seu nome.
- Ah - sorri - é....
- Lola! O Taxi está aqui! - Leslie nos gritou da porta.
Vergonha.
- Tenho que ir, até mais..
- Até. - Ele acenou quando chegamos na porta e eu acenei de volta enquanto colocava Carla no banco de trás.

Meus desfeitos



Ando sumida. E confusa também.
Coleciono sonhos e realidades.
Quero ser uma num minuto e n'outro não quero mais.
Preciso sair e depois não mais.
Tento ser e depois desisto.
Sonho e des-sonho.
Construo e desconstruo.
Sigo um caminho e depois mudo a rota.

Qual a necessidade disso tudo? Dessas incomodanças?
Eu não sei.
Hoje aceito melhor minhas falhas e desconhecimentos.
Acredito que um dia entenderei o porque de tantas
dúvidas e
incertezas e
refeitos e
defeitos.

Débora Monteiro

domingo, 4 de outubro de 2015

Sobre cobranças


 Nós temos uma paixão por romances que nos fascina. Quando vimos filmes, ou lemos livros, construímos, nem que seja no fundo da nossa alma, uma vontade de viver aquilo também. O primeiro filme que me causou impacto foi "Procurando Nemo"; eu tinha uma certa inveja do peixinho pelo qual o pai procurava sem desistir. Eu ansiava um amor como daquele pai pelo filho. Com o tempo, naturalmente, esqueci do filme. 
   Outro filme que eu me lembro de ver e ficar encantadíssima foi "Um amor para recordar". Clichê, claro, mas eu não conhecia muito do mundo na época - muito menos a palavra "clichê" - que vi esse filme e acreditava que tudo era possível (principalmente se havia um filme sobre isso).
   Óbvio que não sou desacreditada no mundo, e claro que tenho meus - incontáveis - sonhos mirabolantes. Porém, tudo o que somos, tudo no que acreditamos é uma construção. Tijolinhos colocados um por um que nos cercam e nos tornam um ser humano inteiro. Uns fomos nós mesmos que colocamos, outros foram nossos pais, nossos professores, nossos contextos e, finalmente, nossas escolhas, como livros, filmes e segmentos políticos etc.
   Temos consciência, muitas vezes, que temos ideia e conceitos sobre tudo, que temos opiniões autenticas e que temos que ser ouvidos; e talvez tenhamos mesmo. Mas temos que ter muito cuidado ao demandar algo de alguém. Será que nossa ideia de família é realmente nossa? E o que é um verdadeiro romance?
   Quando exigimos uma postura de alguém, temos que respeitar sua individualidade, e, queridos, sabemos que o mundo é grande e nunca para, e nossas definições de tudo está em constante mudança, e aqueles tijolinhos podem sim serem removidos e substituidos.
   Sempre fiquei irritada com algumas cobranças direcionadas a mim. Mas agora não tenho mais tanta raiva dessas cobranças mirabolantes de perfeição. Agora tenho consciência de que muitas vezes nossa consciência não é nossa, que nossos ideais e objetivos muitas vezes também não são nossos. Contra o mundo não posso fazer muito, mas sei que posso não repetir os erros que vejo pelo caminho.

domingo, 7 de junho de 2015

Eu estou me tornando a minha mãe


É meio assustador você crescer e perceber suas similaridades com seus pais. Não se preocupe, é inevitável mesmo, você foi criado por eles. E tudo que você sabe do mundo, eles que te apresentaram.
Porém, eu tenho lá meus motivos pra ter um mini ataque em pensar que estou me tornando um xerox deles. Quando eu faço uma piada que minha mãe faria, provavelmente num churrasco de domingo, eu quero sair correndo e me enterrar em algum lugar e fingir que tal situação não aconteceu.
Não é louco? Todo esse trabalho na adolescência de ser o diferente, pra descobrir que você é igual seus pais! 
Ao mesmo tempo que é assustador, é esclarecedor. Você acaba percebendo como é difícil criar uma criança e quanto que eles renunciaram - as vezes não - por você. Um dia você era o bebê que eles tinham que fazer tudo e 13 anos depois acha que já conhece tudo sobre o mundo. E outra: como tudo é caro! E eles ainda arranjaram um jeito de te dar aquele presente que você tanto pediu (e ainda te alimentaram todos os dias) (e pagaram a sua internet) (e te levaram pra todos os lugares).
E eu penso; se eu tenho as minhas crises, imagina eles, com a minha idade (minha mãe se casou com 18/19 anos) tendo essas crises e com uma responsabilidade enorme de criar uma criança? E tendo que aguentar as crises de adolescente que sabe de tudo? Louco pensar nisso.
E ah, deixa eu te falar: a maioria das coisas que você acha serem universais, como separar as roupas em pilhas para lavar (cozinha, banheiro etc), colocar as facas de ponta cabeça no escorredor; na verdade não são universais, tem pessoas que não separam as roupas e que colocam os talheres todos jogados para secar. Você vai querer ligar pra sua mãe pra falar desses crimes.
Por isso, por mais falhos que nossos pais sejam, eles são incríveis. E pensando bem, ser igual eles talvez não seja algo tão ruim. Torço para que quando eu for uma adulta de verdade eu tenha metade da força deles.